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segunda-feira, 12 de abril de 2010

Gaetano Liberatore: entrevista com o criador do Ranxerox

Ranxerox criação de Gaetano Liberatore
No mesmo ano de 1983, Gaetano Liberatore, ou Tanino Liberatore, entra para a história das estórias em quadrinhos com o personagem Ranxerox. Um sucesso editorial impressionante. Durante uma entrevista, no mês de dezembro daquele ano, Liberatore declarou que nasceu em Quadri, na Itália. E, enquanto rolava a conversa assistia o Poderoso Chefão, seu filme favorito, num videocassete.
Congelava imagens e abusava do frame-by-frame. Reafirmou que Ranxerox e Lubna nasceram de uma história escrita e desenhada em branco e preto por Stefano Tamburine, em 1978. E que apenas colocou um cenário colorido e mais músculos e veias no herói.

Disse que começou a desenhar com cinco anos de idade e que numa noite, enquanto se restabelecia de uma doença de criança, encheu mais de 500 folhas de um bloco de anotações com cenas que envolviam sexo e estrelas de filmes.

Quando tinha treze anos, depois de muito discutir e, por fim, convencer o seu pai, ele foi estudar arte em Pescara, uma pequena cidade perto de Quadri. Um lugar onde, para qualquer menino longe de casa, tudo parecia grande. Quando os novos colegas perceberam que sabia desenhar bem e rápido se tornou muito popular. Nessa época estudava trabalhos de Miguelângelo e suas exageradas proporções em músculos, veias e anatomia.

Esse conhecimento básico o ajudou a desenhar sem precisar usar fotografias. Depois da escola de artes e concluir o segundo grau foi morar em Roma para estudar Arquitetura. E por mais de dois anos é um modelo de aluno, até que sua irmã lhe deu de presente uma caixa de tintas e pincéis especiais. Em 1975 começou a fazer capas de discos para a RCA que investia em grupos de rock. Inclusive ilustrou duas capas para álbuns de Frank Zappa.

A sua entrada para os comics foi por acaso, disse. Aconteceu através de um amigo que conheceu em Pescara e que trabalhava numa revista de quadrinhos semi-underground. Afirma que os quadrinhos, que gosta muito, não vieram naturalmente para ele. Achava que era apenas um ilustrador. Mas só lia comics e a partir daí foi influenciado por Moebius, Hugo Pratt, Corben e outros desenhistas.

Sua técnica foi consolidada depois de experimentos com vários tipos de tintas e materiais de pintura. “Nos comics o trabalho tem que ser rápido. Não gosto muito de guaches e ecolines porque demoram para secar. Prefiro os markers porque são rápidos, instantâneos e modernos. Uso um marcador Pantone tipo largo para os tons chapados de fundos e para modelar utilizo vários materiais como lápis de cor e até maquiagem de teatro. Atualmente estou usando um tipo de marker que leva alguns segundos para secar. Então, aplico sobre a lavada de Pantone a maquiagem e, se necessário, esmago com os dedos até conseguir o efeito certo para representar músculos, dobras de roupas e texturas de cenários. Realmente gosto que trabalhar rápido!” afirmou ele.

Quando perguntado sobre a violência gratuita em seus quadrinhos como aconteceu no caso da menina florista que teve sua delicada mãozinha esmagada junto com as flores que tentava vender ao personagem Ranxerox, Liberatore respondeu que a idéia foi do Stefano e que não era gratuita, “pois quando qualquer pessoa chega a qualquer restaurante em Roma aparece sempre alguém vendendo flores, tocando uma música ou apenas pedindo dinheiro. E eles não param. Então, quando Ranxerox esmagou a mão da garota ele fez aquilo que todos, no fundo, gostariam de fazer. Somente alguns editores acharam violência demais, no entanto, os leitores sempre ficam na expectativa da próxima vítima de Ranx. Politicamente Ranx nunca esteve de lado nenhum apesar do editor da revista Frigidarie ter um lado esquerdista nunca propôs qualquer ideologia política”, revelou.

Fonte de pesquisa Marel.pro

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